terça-feira, 22 de novembro de 2011

Tolerancia,reciprocidade,patriotismo,respeito: uma aula com Rickson Gracie.


                                                       (O brasileiro Rickson Gracie,faixa preta de jiu jitsu brasileiro ensina uma liçao valiosa hoje para muitos brasileiros.Educaçao e respeito andam juntas.Até quando o brasileiro vai ser passivo?Quem muito se abaixa,humilhado sera para sempre.O lutador brasileiro Lyoto Machida também ajuda a divulgar a nossa boa imagem aqui no exterior)

A base pro desenvolvimento de uma sociedade é pensar COM FATOS,a auto-critica,o bom senso e melhorar os nossos defeitos.Isso é o blog .Nao somos os donos da verdade mas seempre questionamos muito sobre esse”paraiso” que é o mundo no exterior.Debates e questionar o que nos vendem sempre foi uma idéia daqui. Ah,guarde essa frase que sera usada depois.”Via,torna al tuo paese”(Em italiano,volta pra tua casa,volta pro teu pais).

Respeito mutuo é bom,otimo.Respeitura o diferente,idem.Ja voce respeitar e nao ser respeitado é injusto.Pior é voce ser julgado por pessoas de certas nacionalidades como a terra da bota que desconhecem o nosso pais,sao exemplos em corrupçao,crime organizado,baixarias,etc e que vem ao Brasil fazer turismo sexual,ofendem o nosso povo,nossas crianças,nossas mulheres,depois voltando pro proprio pais e nos taxando com selvagens,prostitutas,bandidos,etc.Mas o pior de tudo é dizer amém a qualquer um desses senhores e senhoras porque somos "tolerentes e amigos".Ser omisso e nao se defender de qualquer idiota ignorante que nem exemplar é(mas que idealizamos as vezes)é além de ofensivo,humilhante e demonstra a baixa auto-estima que alguns brasileiros/as possuem.O que falar entao de alguns italianos que julgam o Brasil sempre?Daqueles que nao entendem o diferente e cuja arrogancia e ignorancia viram cegueira?E dos brasileiros/as lambe-botas que aceitam fazer o papel estereoitapado de "sou o selvagem e voce o civilizado"quando tal pais nem exemplar é  e cuja mania de falar mao pelas costas como trairas é secular.Bem,que tal aprender uma liçao com Rickson Gracie,caros leitores?

Prezamos por mostrar verdades,fatos crus,dados, ,etc que nao sao ditos por ai por comodismo, ,ma-fé,propaganda enganosa,falta de patriotismo,deslumbramento,$$ ,etc.Vejo blogs brazucas falarem de coisas futeis,etc. Quando questionados por isso as respostas sao:Voce deve ser mais tolerante e aberto a cultura do mundo, todos lugares tem defeitos, respeite os estrangeiros,etc.Até concordamos.E tem quem cria um mundo perfeito e se fecha nele.Se voce olhar a realidade,voce é o diabo.Essa pessoa que nao se garante no mundo real,nao deve ler nem jornal como esse post abaixo os define


Aqui vemos uma coisa que chamamos de balança desiguala da reciprosidade.Aonde brasileiro paga pau pra todo e qualquer gringo(até os nao exemplares).Leia aqui abaixo

http://classemediawayoflife.blogspot.com/2009/09/dica-031-pagar-pau-pra-gringo.html
Existem blogs de pessoas que foram morar ao Brasil.Italianos daqui,sem emprego e com dificuldades de $$,foram pro Brasil atras de um lugar ao sol,etc.Conheço outros blogs que sao de nativos da Italia que foram ao Brasil pra turismo sexual,conheço gente que trocou o Brasila pela Italia,etc.Fora os turistas sexuais,tudo bem.Cada um vai e vem de onde quer e onde se sente bem.Otimo.Isso é legal.

Mas esses mesmos estrangeiros viajantes, reclamam e muito do Brasil.Se fosse so das nossas mazelas,eu faria coro com eles.Mas nao.Reclamam da comida que nao é italiana,do povo que nao é italiano,da saude que nao é isso(como se a Italia fosser uma brastemp hahah),dos habitos do nosso povo,de como fazemos amizade facil,do clima,disso,daquilo,da nossa cultura,etc.Reclamam do que realmente é cultural.Como os brasileiros reagem?PUXAM o saco dos caras de modo absurdo,dao razao em tudo para o que falam,etc.NEGAM OS PROPRIOS HABITOS CULTURAIS E COSTUMES dando apoio a alguem que saiu desempregado,sem perspectiva, do seu pais  EM CRISE que tampouco é exemplar em tantas coisas como DESLUMBRADOS PENSAM pois so olham novela e nao sabem como é morar fora muitas vezes(ou se sabem,se enganam ou ouvem historias mentirosas de alguem).

Porém.quando questiono meus colegas blogueiros sobre a”cultura”,”tolerancia” nessas horas,eles mudam de idéia.Nao sabem,nao viram e acham melhor deixar assim(tipicamente passiva e deslumbrada essa atitude.Cliquei aqui).Desigualmente, eles criticam nossos habitos,nosso povo e pais e dizemos amém.Nos criticamos falhas(sol falhas) no sistema deles(todo sistema tem falhas) e nao podemos,devemos ser tolerentes,amigos,abertos,ir embora.....e sermos burros.

Vou além.Na Italia é sabido que partidos xenofobos e pessoas que esqueceram que nos brasileiros lutamos por eles na II Guerra(lembram sempre dos EUA) tem atitudes como vender sabonete anti-imigrante,aonde o Brasil é visto por”extracomunitari”,”culo brasiliano””brasiliana”(tanga),etc.Preconceito existe sim(aqui)e é real(aqui).Quando escrevi o que falaram quando o Brasil nao quis deportar Battisit e do que li,quando vi os programa na TV que citaram que brasileiros nao trabalham,fazem sexo com todos por isso somos misturados,quando escutei ofensas de locais dizendo que brasileiros sao misturados até com os cachorros,que brasileiras sao prostitutas,somos todos travestis,etc,ninguém falou nada.Olhem esse video em italiano(aqui)que fala de Berlusconi em SP segundo o CQC.Todos sabemos o lixo bizarro que era o cidadao, mas ao serem questionados por”inferiores do Brasil”(segundo eles)que salvou a pele deles na guerra, do Brasil que recebeu e hoje da empregos pra eles,ficam bravos,ofendem.Porque somos brasileiros, povo multétnico,da América do Sul que sempre é passivo e HOJE começamos a questionar.

Ofensas como "brasileiros,do terceiro mundo,viciados em cocaina,prostitutas,favelas e travestis sao comuns.".E isso existe na Italia tambem e se tem é porque ALGUEM consome.Semprem falam da falta de comida como ofensa(como se a Italia durante a II Guerra nao tivesse passado fome),etc.

Po,fatos sao fatos.Ou é ou nao é.Porque os italianos que moram no Brasil, conosco nao podem ser tolerantes no nosso pais?Porque nao estudam o portugues?Tratar eles como deuses que escaparam da propria Patria?Porque nao podem se adaptar a nossa cultura?Isso ja aconteceu um tempo atras, mas naquela época, com pouca informaçao,tolerancia era talvez raro.Mas hoje?A Italia sendo um pais tao "top" de linha,nao sabe respeitar quem MUITO ajudou os seus filhos.Internet e informaçao estao ai. Parece o Stallone que foi ao Brasil fazer um filme,falou mal do pais e do povo e ainda saiu devendo.O que os brazucas fizeram?Nada.O americano Chael Sonnem, perdeu uma luta de MMA pro campeao brasileiro Anderson Silva,fenomeno do esporte.O que ele faz pra tentar uma nova luta?Ofende a mulher do brasileiro,chama o Brasil de terra de macacos, que nao temos internet,que somos um povo isso,pais aquilo,etc.Tem ainda brasileiro que o defende.Alguém ja imaginou se fosse o contrario?

(O campeao mundial peso médio invicto de artes marciais mistas, o brasileiro Anderson Silva,escuta piadinhas de mal gosto do norte-americano Chael Sonnen que ofendem o Brasil e o povo brasileiro.Mas tem brasileiro que ainda apoia o americano.) 

Somos tolerantes demais ou deslumbrados puxa-sacos?Somo cegos sentimentaloides ou idiotas?Somos burros ou o que?

Vi no jornal que AGORA com a CRISE, os imigrantes foram elogiados pelo governo italiano.Claro,os pobres imigrantes(incluindo brasileiros com cidadania ou nao)antes taxados de prostitutas,bandidos,ladroes,marginais,etc por extereotipos injustos que aparecem  na TV AGORA VIRARAM gente.Pagar as contas e impostos dos nobres locais,cuja corrupçao é igual a nossa,burocracia pior, cuja sonegaçao de impostos e politicos que roubam nao devem em nada ao Brasil,etc. Muitos desses vao fazer turismo sexual no Brasil(segundo estatisticas especializadas) fora o crime realmente organizado que é se espalhou pelo mundo(Mafia).Mas claro,devemos ser “tolerantes” e nem vou falar de reciprocidade(que so funciona pra eles,nunca pra brasileiros pois isso é ser “muito duro” com os estrangeiros coitadinhos.

Lembro de uma noticia que vi aonde espanhois deportaram uma brasileira que ia fazer estudar DOUTORADO na Espanha. Vendo o video estrangeiros fazem a festa com o turismo sexual no Brasil (aqui) a TV ao entrevistar um rapaz espanhol esse foi ironico ao ser questionado do porque estar no Brasil.Ele disse”Vim ver os museus” e saiu tirando onda.Claro.Sempre a boa e velha tolerancia dos meus amigos blogueiros.(pra nao chamar da passivdade e burrice).

OBS: Enviei uns emails educados para blogs relacionados ao nosso.Recebi a resposta um tanto quanto mal humorada(ok,todos temos nossos dias down) de uma blogueira que detesta ser contrariada.Ela,brasileira como nos e/ou voces,adepta da tolerancia cultural e da filosofia de Ghandi(até Ghandi reagiu e nao foi passivo,negando os fatos do seu tempo), falou a frase la de cima”vai embora daqui,volta pro teu pais” para quem vos escreve.Essa mesma blogueira ja defendeu a “inocente” Juliana Moreira  mostra traseiro(aqui) por ser "simpatica e alegre"(quando na verdade faz papel da brasileira burra e mostra a bunda na TV).Colaborar com a imagem de brasileira como traseiros e burra,nadinha,né?Imagina ...!!Tolerar os extrangeiros que vao ao Brasil e falam mal de tudo,pode,ja o verdadeiraitalia, que questiona certos comportamentos ,nao, pois ofende o seu novo pais .Poderia citar sobre suas discussoes produtivas  reclamando de como é o chuveiro daqui, recomendando o povo a ver e participar daquele programa futil na TV a tarde aonde nao se sabe quem é mais vaidoso, o homem ou a mulher,cujo empresario das “celebridades” é o amigo de Berlusconi,admirador do fascismo e o mesmo tiozinho idoso que passa a mao na bunda das mulheres(com muita classe,claro,pois é estrangeiro,se fosse brasileiro...) como publiquei no post sobre machismo italiano(aqui). Pela visao desta blogueira,devemos fazer o que: ficarmos em silencio?Rezarmos?Abraçar todos e esperar uma ajuda divina?Ou quem sabe a brasileira hoje nao se sinta ofendida por nada disso que EXISTE no mundo REAL?Como deveriamos responder ao brasileiros estudantes,profissionais,etc que sao deportados na Espanha ou mundo a fora como citei acima,enquanto aqui todo estrangeiro turista sexual é"lindinho,educado,etc" pois somos "cabeça aberta,tolerante e amiguinhos".Santa passividade e baba ovismo,Batman.

Aqui no blog nao somos passivos, idiotas ou deslumbrados e minha esposa é descendente e ve as coisas como sao. Falsos-elogios-trairas bajuladores nao nos enganam.Sabemos como falam mal dos brasileiros pelas costas e por interessses.
Como disse no antigo post sobre o Havai(leia aqui),deveriamos ter mais respeito por nos mesmos e exigir isso.Do contrario,reciprocidade. O exemplo mais perfeito foi esse video que retrata com o famoso Rickson Gracie,mestre da familia Gracie e filho de outro heroi brasileiro(leia aqui)demonstrou como deveriamos tratar quem nao nos respeita.Nao acho certo a violencia ou xenofobismo, mas se fazer respeitar é o minimo que um povo pode exigir.


E querem que o Brasil seja uma potencia e exemplar com essa galera passiva deslumbrada que aceita tudo como essa blogueira da "cultura,mente aberta,etc" de todo mundo esta dificil.Nem por milagre!Quem pensa como Rickson e se faz respeitar é uma minoria infelizmente.

Frase de um leitor:quem muito mostra os dentes e sorri,sendo simpatico demais,nao sera respeitado jamais.

 

16 comentários:

  1. Moço, quando o Stallone fez gracinha com o Brasil, todo o mundo reclamou! http://www1.folha.uol.com.br/tec/771545-cala-boca-sylvester-stallone-lidera-assuntos-mais-comentados-do-twitter-no-mundo.shtml

    O problema foi com a Globo que deu um macaquinho de pelúcia pro cara (pode isso?)

    http://www.youtube.com/watch?v=-7p9aMpJlio

    (Aliás, a Dilma não vai ajudar a Itália /o/

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  2. Patriotismo é uma coisa que infelizmente parece não existir no Brasil. Os próprios brasileiros são os primeiros a encher a boca para dizer "País de merda", "O Brasil é um lixo" e por aí vai.
    Todos continuam se baseando nas novelas globais que mostram a Italia principalmente, como um lugar maravilhoso, cheio de italianos receptivos, alegres, terra dos nossos ascendentes, bla bla bla...
    Sem nem ao menos sair do Brasil, esses brasileiros opinam e criticam o próprio país, como se conhecessem de fato o que é ser estrangeiro. Como se houvessem sentido na pele a indiferença e o desprezo pelo simples fato de não pertencer a mesma nacionalidade italiana. Como se houvessem se indignado ao ver a lentidão e a ineficácia nas questuras, lugares destinados a todos os estrangeiros que querem / precisam permanecer na Itália.
    Eu gostaria muito, mas muito mesmo, que todos os brasileiros, sobretudo aqueles que adoram criticar o próprio país, tivessem a oportunidade de passar uma temporada fora do Brasil, para que depois pudessem dizer se a opinião continua sendo a mesma!
    Acordem povo brasileiro. Somos uma nação mais do que abençoada! Temos que valorizar o país em que nascemos, mesmo com os defeitos, porque afinal, nenhum país é perfeito. Bom mesmo é se sentir em casa, livre, cidadão, respeitado e igual a todos.

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  3. Ola Jessica.Voce simplesmente disse tudo.

    Quanto ao meu ver falta aos brasileiros duas coisas:deixar de deslumbre e exigir reciprocidade do nosso governo.Se chove de la,chove de ca.Se alguem se omite,vai ser zoado sempre.

    Obrigado por escrever.

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  4. O patriotismo brasileiro é uma piada e bem diferente dos americanos.Seu blog fala sério e a verdade mas infelizmente poucos ou ninguém pensam como vc.O brasileiro veste o patriotismo em mesas de bar,na Copa do Mundo e jogos esportivos(alguns ainda).De resto o patriota é visto de modo estranho no Brasil.Carnaval,copa e samba contam mais.

    Nos EUA, mataram Bin Laden e teve festa.Soldados se alistam pra guerra e fazem o que tiverm que fazer pelo solo de ondem moram.O povo apoia,aplaude e defende a bandeira de onde vive,do povo que é.Fazem guerras sempre e as fizeram por todo o século XX.O povo sempro apoiou e nas horas duras de questionamento, no final o povo sempre apoiou.

    O brasileiro invés facilmente muda de solo,nacionalidade.Quantos se orgulham de serem descendentes?Quantas mulheres se orgulham de terem casado com um estrangeiro e falam pra todo o mundo mesmo sendo taxadas como putas no exterior?Quantos nunca respeitam ou respeitaram leis no Brasil mas querem respeitar as leis no exterior?Quantos acham a Espanha,Portugal,Italia e Grécia lugares exemplares de primeiro mundo(todos lugares em crise e com grandes problemas sociais).

    Druida,vc parece lutar sozinho.Brasileiro é vendido e desconhece o significado das palavras honra,respeito e orgulho.Contudo,vc tem o meu apoio.Mas ainda falta muito para o Brasil melhorar.Contudo,se alguns ja pensam podemos ver uma luz no fim do caminho.

    Um viajante brazuca

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  5. Gostei demais desse post.Nem todo brasileiro é passivo.Nem vcs,nem eu.Devemos mudar nossas atitude e assim a nossa terra.

    Que tal sermos patriotas com coisas descentes pra evitarmos de reclamar depois.Tem muito lixo sendo divulgado e falado e como vc disse,que se esconde atras do preconceito.

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  6. Patriotismo é um conceito que parece banal, mas é complexo. Nem todo patriota é boa gente, muitos são arrogantes, ignorantes e passionais. Mas por outro lado, a ausência total de patriotismo revela falta de caráter. Afinal, uma nacionalidade não é igual a um time de futebol que se escolhe para torcer, é um fato cabal que não dá para contornar. Seja qual for o seu país, aquilo que acontece ou é feito contra ele acarreta conseqüências, sim, queira ou não queira, de modo que não dar a mínima para isso significa não dar a mínima para si próprio nem para as pessoas de seu círculo familiar a afetivo. Isso não é falta de caráter?

    Há no mundo povos bem mais canalhas que o brasileiro, com uma "folha corrida" bem mais suja, mas que, ainda assim, são bem mais patriotas que o brasileiro típico, e agindo dessa forma, fazem-se respeitar. Não estimar, que ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas respeitar, sim. Fica aqui uma pergunta: será que a opção brasileira em abdicar do patriotismo é uma maneira de comprar o afeto do estrangeiro, ou ao menos sua indulgência? Será que achamos o afeto preferível ao respeito? Note bem, aquela atitude da Globo de presentear o Stallone com um macaquinho de pelúcia não deixa de ser um tapa com luva de pelica. Talvez ele até tenha se surpreendido com a aparente superioridade de quem não se deixa ofender com bobagem. Mas aí fica outra pergunta no ar: será que essa atitude é motivada por uma auto-estima tão forte que simplesmente ignora as pequenas gozações, ou temos na verdade uma auto-estima tão baixa que achamos a zombaria dele uma coisa justa e digna de recompensa?

    São muitas perguntas e não dá para responder no chutômetro. É preciso apelar para a psicologia, colocar o país no divã, e tentar voltar às origens de nossa postura auto-depreciativa. E analisar também a outra extremidade, a dos estrangeiros: por que motivo eles têm essa atitude para conosco, será afeição ou desprezo? Vou tentar fazer essa análise com calma nos post's seguintes.

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  7. AS ORIGENS

    Não sou psicólogo, mas não vejo motivo para duvidar que toda atitude auto-depreciativa se origina de uma baixa auto-estima, e toda baixa auto-estima se origina de um sentimento de culpa por não ser bom o bastante. Pesquisando o passado e juntando depoimentos aqui e ali, eu concluo que o sentimento de culpa brasileiro origina-se do fato de boa parte da população brasileira viver na pobreza e ser descendente de grupos étnicos (índios e africanos) que no passado foram oprimidos pelo colonizador. É tipo um "pecado original" brasileiro, todo brasileiro já nasce com essa culpa. Isso fica evidente na ausência de reação a críticas vindas do estrangeiro. Por exemplo, quando o estrangeiro aponta as favelas, a miséria, o crime, ele está vergastando-nos por algo que é culpa nossa mesmo.

    Do mesmo modo, não nos sentimos a vontade para criticar o mau comportamento de alguns brasileiros no exterior. Se algum imigrante se envolve com máfias ou prostituição, ele faz isso porque "precisa", uma vez que o Brasil não lhe proporciona uma vida digna, e isso é culpa de todos os brasileiros.

    Mas o ponto onde a nosso sentimento de culpa se expressa com mais ruído e faz mais eco é a nossa produção cultural. Já foi dito uma, duas, mil vezes que o Brasil se "exporta mal" e só manda ao exterior representações do que tem de mais caricato ou degradante: carnaval, mulher pelada, favela, bandido, malandragem, etc. etc. Raramente, contudo, alguém se anima a responder o porquê de fazemos isso, e preferimos jogar a culpa nos cartazes da Embratur, como se fosse um fenômeno isolado. Mas por que, afinal, fazemos isso?

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  8. A IMAGEM DE EXPORTAÇÃO

    Para responder à pergunta que foi colocada no post anterior, é preciso atentar para o fato de que a produção cultural, como toda e qualquer produção, só existe enquanto houver uma extremidade fornecedora e uma extremidade consumidora. Por mais que achemos grotesca essas imagens que exportamos, é preciso admitir que existem pessoas dispostas a produzi-las e pessoas dispostas a consumi-las.

    Mais uma vez juntando depoimentos aqui e ali e recorrendo a meus conhecimentos de História, eu identifico nosso afã em produzir tais imagens a uma busca por uma expressão cultural genuinamente brasileira, autóctone, não copiada do colonizador. Em psicologia, isso é definido como uma crise de identidade: queremos saber quem somos nós, afinal. Essa crise de identidade teve lugar lá pelos anos 30 e 40, com o governo Vargas influenciado pelo fascismo europeu e sua onda de nacionalismo e nativismo, "resgate das raízes" e fixação de uma identidade nacional.

    Então, fomos aplacar o nosso já citado complexo de culpa pela opressão exercida no passado contra negros e índios, mediante o suposto resgate de nossas origens negras e índias. Em um primeiro momento entraram em cena antropólogos, sociólogos e historiadores exibindo teses que explicavam as idiossincrasias brasileiras com anedotas tiradas do quotidiano de sinhôs e escravas vivendo em promiscuidade. Mais adiante, vieram artistas e produtores culturais para materializar essas representações e torná-las produtos de exportação. Foi nessa época que o carnaval, antes marginalizado, foi alçado ao estatuto de suprema manifestação cultural brasileira e revestido e significado antropológico. Em um terceiro momento, já na época atual, essas imagens fixaram-se em cartazes da Embratur, tornando canônica e obrigatória a associação do Brasil ao trinômio carnaval-mulata-bunda. Foi assim que chegamos ao ponto onde chegamos.

    Resta-nos questionar: essas representações possuem mesmo alguma consistência histórica ou antropológica? São explicativas do Brasil? Trata-se de fato do resgate de nossas raízes?

    Continua mais tarde...

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  9. O texto mais uma vez,sem palavras..muito bom.
    Já o vídeo não consigo ouvi-lo!meu pc estar sem som..

    Abraços..

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  10. A LEGITIMIDADE DAS REPRESENTAÇÕES DO BRASIL TROPICAL-ERÓTICO

    Respondendo à pergunta que coloquei no post anterior, eu penso que algum significado essas imagens têm, sem dúvida. Elas parecem algo familiar. Mas convém colocar aqui alguns questionamentos:

    - A promiscuidade e o abuso sexual de escravas são exclusividade brasileira? Por acaso não aconteceu a mesma coisa em todos os países onde houve um passado de escravidão, inclusive os EUA, sem que nesses países surgissem cientistas sociais querendo a todo custo ver um significado antropológico em tais abusos?

    - O carnaval é invenção brasileira? O carnaval é invenção africana? Acaso não é o carnaval originário da Roma antiga, existente em todos os países que receberam o legado da Roma antiga, e não tem em todos esses lugares o mesmo caráter de liberação de instintos, farra e bebedeira, sem que em outros lugares além do Brasil surgissem cientistas sociais querendo a todo custo ver um significado antropológico em tais farras e bebedeiras?

    - Acaso os colonos portugueses que saíam pela Terra Brasilis a emprenhar índias estavam possuídos de uma selvagem sensualidade tropical, peculiar ao Brasil, e só queriam trepar, trepar e trepar? Será que eles não tinham necessidade de esposas com as quais pudessem fazer filhos que os sustentassem na velhice, ali naquela terra nova e hostil onde nãopoderiam contar commais ninguém? Será que eles não prefeririam unir-se a mulheres brancas, se mulheres brancas ali houvessem?

    - Acaso a bagunça sexual dos primeiros colonos prosseguiu séculos adentro até chegar a época atual, e é a explicação para o atual caráter libertino dos brasileiros? Acaso a Igreja Católica e a Inquisição não puseram fim nessa bagunça tão logo estabeleceram sua autoridade por aqui?

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  11. A OUTRA EXTREMIDADE

    Como disse acima, toda produção, seja lá do que, exige uma extremidade produtora e uma extremidade consumidora. Porque produzimos tais imagens, eu já expliquei: trata-se de um afã obcessivo em "resgatar nossas raízes" e identificar idiossincrasias brasileiras que nos distinguam do colonizador. Resta explicar porque, na outra extremidade, tanta gente consome avidamente as representações que exportamos, mesmo sendo tais representações tão questionáveis, conforme eu apontei no post anterior.

    A resposta? Não é difícil. O gringo aceita essas imagens porque elas correspondem ao que ele espera. Desde o século 15 o imaginário europeu é povoado de uma concepção fantasiosa a respeito do mundo tropical pagão, habitado por nativos nus, privados de civilização mas imbuídos de desbragados instintos básicos: comida, bebida, sexo. Sem civilização, também não há uma moral - tudo era permitido - e tampouco existe o trabalho, apenas a farra permanente e a satisfação dos apetites carnais. Os trópicos seriam como um Jardim do Éden antes da maçã, uma terra sem pecado - a divisa era: não existe pecado do lado de baixo do equador. Tem a ver também com outros mitos medievais, como o País da Cocanha (objeto de um quadro de Rembrandt) e a Ilha de Hy Brazil (aliás, origem do nome Brasil).

    Aconteceu, então, o seguinte: as teses de nossos cientistas sociais dos anos 30 deram foros de realidade histórica e antropológica às concepções fantasiosas que ainda eram nutridas acerca dos trópicos. Juntou a fome com a vontade de comer. Desde então, a imagem erotizada do Brsil tornou-se padrão, canônica, obrigatória. Foi o reconhecimento do gringo o verdadeiro motivo dessas teses haverem ganho tanta força e legitimidade, pois do contrário, o provável é que elas já teriam sido há muito esquecidas e relegadas a mera curiosidade. Não foram os toscos cartazes da Embratur os responsáveis por nossa fama, mas sim o trabalho de cientistas, literatos e produtores culturais, que continua até hoje.

    Mas esta fama é merecida?

    Há quem, de fato, procure corresponder às expectativas dos gringos visando recompensas imediatas. A grande maioria, porém, endossa essa visão "exótica-erótica" por julgá-la procedente e até elogiosa, ou na pior das hipóteses, uma tolice inofensiva, coisa pitoresca e só. Mas é bom lembrar que essa visão assenta-se sobre uma dicotomia Civilizado X Selvagem. O civilizado possui uma civilização, o selvagem não. O civilizado possui uma moral, o selvagem não. Na terra do civilizado, o respeito é exigido; na terra do selvagem, o respeito é dispensado. Na terra do selvagem pode-se fazer coisas que não podem ser feitas na terra do civilizado, e esse é o verdadeiro propósito. Para legitimar esse tratamento desigual, é imprescendível que seja endossada a dicotomia Civilizado X Selvagem: o selvagem não é herdeiro nem parente do civilizado, não tem nenhuma relação com este, é um povo totalmente distinto. Colocar o brasileiro na posição do selvagem nessa dicotomia, portanto, é bastardizá-lo, negar sua herança civilizacional européia. Mas - convém aqui lembrar - nosso propósito com o "resgate de nossas raízes" dos anos 30, que deu origem a todo esse processo, não visava justamente romper com o legado do colonizador e afirmar nossas origens não-européias? Pausa para meditar.

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  12. E POR QUE NÃO REAGIMOS?

    Uma visão assentada em uma dicotomia Civilizado X Selvagem nunca prerroga um relacionamento amistoso entre o primeiro e o segundo. A hostilidade e a discriminação inerentes a essa dicotomia se mostrarão, fatalmente, em algum momento, ainda que a relação seja inicialmente pautada pela curiosidade mútua e até uma certa afetividade. Mas como eu já afirmei aqui antes, até o sexo pode ser usado para agredir e humilhar o inimigo. É ruim para nós, e devíamos reagir, não? Mas por que não reagimos?

    Eu penso que não reagimos, sobretudo, porque julgamos genuínas as teorias sociais que nos colocam como povo tropical e sensual, tal como somos mostrados nas representações feitas no estrangeiro. Rejeitar essas representações seria, supostamente, uma atitude arrogante, etnocêntrica e até racista, pois implicaria em renegar tudo aquilo que é veiculado por elas: as índias nuas, as negras bundudas, a pretensa celebração de nossa história e nossa cultura nos desfiles de carnaval. Talvez tenha sido por esse motivo que o Druida colheu uma reação tão furiosa da blogueira que defendeu a Juliana Moreira. Com certeza ela não queria parecer arrogante, racista e ofender o humilde povo negro que está fazendo algum sucesso no estrangeiro.

    Mas...

    Colocar o povo negro em representações que o mostram balançando as ancas e de bunda de fora, é exaltar suas qualidades?

    Se algum africano turista no Brasil vê um desfile de carnaval, será que ele reconheceria ali algum sinal da cultura de sua terra natal?

    Os favelados exibidos como animais a turistas que desfilam em jipes iguais aos usados em safaris, estão sendo homenageados de alguma forma?

    É irônico: a tentativa de resgatar as raízes índias e africanas do Brasil, a fim de compensar o sentimento de culpa pela opressão sofrida por esses povos no passado, deveria produzir imagens que exaltassesm esses povos e apontassem suas qualidades. Mas o resultado foi o oposto: produzimos representações estereotipadas e grotescas dessa gente, e o que é pior, apegamo-nos a tais representações feito mãe agarra filho em naufrágio. Por que fizemos isso?

    A intenção, sem dúvida, não era essa. Mas também não podia ser diferente: nós introjetamos as mesmas visões fantasiosas acerca na natureza tropical que eram nutridas por nossos ancestrais europeus. Fizemos isso porque nosso conteúdo intelectual é europeu, ainda que boa parte dos brasileiros seja descendente de índios e africanos. Nós, brasileiros, somos irremediavelmente europeus, e terminamos por mostrar isso até quando tencionamos demonstrar o contrário.

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  13. O QUE DEVÍAMOS FAZER

    Como todo paciente no divã do psicanalista, é preciso retornar às origens e desfazer as percepções equivocadas do passado que originaram nosso comportamento equivocado do presente.

    Em primeiro lugar, acabar com o sentimento de culpa pela pobreza dos brasileiros. Colocado assim, fica parecendo que os brasileiros poderiam perfeitamente ter um padrão de vida de primeiro mundo, e se não têm, é por culpa nossa mesmo, daí não termos o direito de reagir a críticas ou observações jocosas feitas por estrangeiros. Mas a realidade é que as conjunturas econômicas são demasiado complexas e a maior parte de seus desdobramentos está longe do controle de qualquer cidadão ou governo brasileiro. Não, nós não poderíamos ter hoje um padrão de país desenvolvido; nossa História foi outra, e as condições objetivas não permitem essa possibilidade. Ninguém tem que se sentir culpado por isso.

    Em segundo lugar, assumir que somos intelectual e culturalmente europeus, e não índios ou africanos. Desprezar nosso ancestral europeu Não nos torna diferennte dele, nem botar mulatas a mostrar a bunda na avenida faz de nós africanos. Índios e africanos fazem parte de nosso legado histórico, mas como povo, no sentido antropológico do termo, o Brasil pertence ao mundo ocidental, à civilização européia portanto. É preciso reconhecer isso para nós mesmos, e também afirmar isso ao gringo, nem que seja só para ver a cara de nojo que ele vai fazer.

    Em terceiro lugar, reconhecer que o europeu em geral NÃO GOSTA DE NÓS, e isso não é culpa nossa, nem há nada que possamos fazer a respeito, pois ele não é obrigado a gostar de nós. Muitos de nós descendem de europeus e ainda tem parentes vivos em Portugal, na Itália e em outros lugares. Esses nossos parentes merecem a nossa estima, mas não os outros. Eles simplesmente não reconhecem o Brasil como herdeiro de sua civilização, ao contrário dos EUA, que eles reconhecem como herdeiro legítimo, mas muitos secretamente morrem de inveja dos americanos. É bom lembrar que mesmo aqueles que não têm uma atitude hostil explícita contra o Brasil, só gostam de nós enquanto estivermos fazendo o papel de selvagem na dicotomia Civilizado X Selvagem: são aqueles que gostam do Brasil "genuíno", querem a amazônia preservada com os índios vivendo na Idade da Pedra, gostam de mulher pelada, vem aqui para visitar favelas e praticar o turismo sexual, etc. Isso não é amizade. Não podemos obrigá-lo a gostar de nós, mas enfim, se o gringo dá um pãozinho para um e um osso para nós, não podemos devolver um pãozinho.

    Espero ter ajudado.

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  14. Bom texto,Mundim.Isso vai rolar um post,mas tenho que filtrar pois tem muita informaçao e ficaria muito longo o texto.

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  15. Sobre a blogueira que defende Juliana Moreira,ela nao é a unica.Existem varios que acham que isso é"brasilidade".A blogueira,que é inteligente por sinal, ja soltou cada uma que faria Tiririca chorar de rir.O negocio é deslumbre+politicamente correto+criar o mundo de fantasia+passividade(coisas tipicamente de muito brazucas com relaçao ao exterior)

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  16. Esse blog é maravilhoso, eu sempre tive essa visão sobre como os brasileiros são deslumbrados e se rebaixam , colocam-se como inferiores aos europeus "civilizados" como se este fosse seu lugar. Na verdade percebo que há esse sentimento em relação a america latina em geral. Um americano ou europeu pode criticar o Brasil, fazer suas observações, sendo elas corretas ou não, porém se um latino age da mesma forma, há imediatamente uma revolta e exaltação do conceito de que eles são superiores, portanto, nós os latinos inferiores, não temos moral para critica-los, o próprio video mostra a reação dos italianos ao fato da critica ao governante ser brasileira,embora eles pensem que o Berlusconi é um péssimo governante, essa observação não pode ser feita por um Latino inferior, mas eles podem nos taxar de "prostitutas, ladrões, preguiçosos", a hipocrisia é gritante.
    a questão aqui não é apenas "quem somos nós?" mas também, "quem são eles?"
    Parabéns pelo blog

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Seja bem vindo e volte sempre para postar.Seja educado que as pessoas serao educadas com voce.Manifestos racistas e xenofobos nao serao bem recebidos.Argumente com fatos e aprenda a aceitar a opiniao dos outros.

Druida e Maga.